Experiência, com ousadia

Cori quer unir embasamento teórico construído ao longo de 50 anos de história com a inventividade de Dudu Bertholini e Rita Comparato Com estilos completamente diferentes, um encontro entre Neon e Cori só poderia ser imaginado num esbarrão acidental. Mas a ida da dupla colorida da Neon, Dudu Bertholini e Rita Comparato, para a Cori foi bem calculada.

Depois de conversar com alguns jovens talentos, a Cori resolveu unir o frescor, a irreverência e, claro, as estampas da Neon a seu know-how de marca cinqüentenária, com experiência sólida em alfaiataria e tricô. O fato de formarem um duo complementar, de serem duas cabeças em vez de uma, também contou: enquanto o stylist e estilista Dudu é imagem, a modelista e estilista Rita é modelagem. E mais: a dramaticidade da Neon e sua característica silhueta solta também interessaram. Esta soma de opostos, aliás, tem muito a ver com o espírito do inverno 2008. A Cori é a marca com mais tempo de vida entre as que desfilam na SPFW.

Fundada em 1957, em Campinas, por imigrantes árabes que tinham a alfaiataria como tradição familiar, entrou no mercado brasileiro quando a moda por aqui começava a explorar o prêt-à-porter, transformando as casas das costureiras de família em butiques. Já a Neon está entre as mais jovens da SPFW. Inaugurada em 2004, surgiu com maiôs coloridos, com toques tão sexy quanto vintage, e se consagrou com as estampas, desenvolvidas pelos amigos artistas da dupla e que aparecem em vestidos tipo caftan usados por celebs como Ivete Sangalo, Fernanda Lima e Wanessa Camargo.A Cori espera que a conjunção de estilos e históricos tão distintos em uma só marca resulte em um equilíbrio perfeito. De um lado, o embasamento técnico da Cori, do outro a inventividade do duo. E a troca agrada os dois lados, tanto é que toda alfaiataria do inverno da Neon está sendo desenvolvida na Cori.

A Cori, por sua vez, vai ter estampas, é claro. Mas nada de cores exuberantes e tamanhos exagerados. Respeitando e sublinhando as devidas proporções, Dudu e Rita mergulharam no arquivo da grife e fizeram releituras de desenhos originais. “São materiais de 30 anos em novos layouts e tecidos”, explica Dudu, que assumiu a criação quando a coleção já tinha começado a ser desenvolvida. “Nesses três meses pesquisamos muito a história da Cori, e isso foi bom para mapear o estilo da marca”. Apesar das estampas, a cartela de cores para o inverno é sóbria, com preto, marinho, dourado e cinza: “Isso está sendo delicioso já que na Neon temos um compromisso com a cor e com a estampa”, comenta o estilista. “Mas apesar da pesquisa de arquivo, a coleção não é uma retrospectiva”, frisa.

De um blend de elementos sofisticados e dark, eles pretendem criar uma imagem de “mulher contemporânea, fina, sexy, assumida, que tem um quê de motoqueira, usa smoking, mas é muito feminina”, diz Dudu. A cintura, na maioria das vezes, é alta. Os tecidos são de seda, couro e lã, que vêm misturados. O cetim de seda é usado no avesso para brincar com seus diferentes brilhos. O look exclusivo desta foto para o Estado traduz a imagem: “É esta coisa do bolero curto com a calça longa e alta - um jogo de proporções e volumes.”Mas as novidades da Cori vão além da dupla. O GEP, grupo que reúne a Cori e a popular Luigi Bertolli, acaba de contratar Dipa di Pietro, diretor de vestuário da Nike Brasil, que já passou por marcas como Zoomp e VR, para ser seu diretor de branding, consolidando a expansão do grupo e a aquisição de novas marcas. Ou seja, o GEP está se preparando para concorrer com os novos I’M e a In Brands.